Data: 16/09/2019

Os donos de gatos às vezes se pegam perdidos dentre as diferentes opções de cat food disponíveis no mercado. Qual delas será a mais agradável para o paladar felino? Qual delas possuirá todos os nutrientes que o felino precisa para crescer saudável?

Os gatos possuem requerimentos específicos de proteínas, aminoácidos, gorduras, dentre outros nutrientes. Estes requerimentos variam de acordo com o estado fisiológico, o nível de atividade e a idade do animal.

O desenvolvimento de cat food deve sempre levar em consideração essas especificidades para que a alimentação fornecida garanta os componentes essenciais para uma vida saudável e sem deficiências nutricionais.

Além disso, a forma física dos alimentos oferecidos aos felinos também possui um papel importante.

Dry. Raw. Wet. As opções são variadas e cada uma delas apresenta vantagens e desvantagens. Fatores como palatabilidade e digestibilidade também estão intimamente ligados a estes tipos diferentes de alimentos e terão um efeito direto na qualidade nutricional da cat food.

Portanto, antes de se aventurar no ramo da nutrição felina, é fundamental conhecer as especificidades nutricionais desta espécie, os tipos de alimentação mais comuns e os fatores que podem levar os donos de gatos a escolher entre um ou outro.

Proteínas: qual a melhor fonte? E qual a quantidade necessária?

Como animais carnívoros, os gatos precisam consumir um aporte considerável de proteínas, preferencialmente aquelas de origem animal.

As proteínas fornecerão os aminoácidos essenciais para diversas funções vitais, como síntese de anticorpos, enzimas que regulam inúmeras funções metabólicas, hormônios, tecidos, além de contribuírem com uma fonte de energia e promoverem um balanço de pH apropriado ao organismo dos felinos.

O consumo balanceado dos aminoácidos essenciais é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento saudável dos gatos.

As fontes proteicas de origem animal, como carne, peixe, ovos e frango, possuem proteínas completas, de alta qualidade, capazes de fornecer todos os aminoácidos essenciais.

No mercado, existem ingredientes completamente naturais e apropriados para serem utilizados em formulações de pet food em geral.

Produzidos por hidrólise enzimática, um processo biológico que não requer o uso de solventes tóxicos, estes ingredientes possuem peptídeos bioativos, que irão fornecer benefícios extras ao organismo animal.

Também é importante ressaltar que tais ingredientes possuem alta digestibilidade, ou seja, a proteína é prontamente absorvida pelo organismo dos felinos, sendo utilizada apropriadamente pelo corpo. Além disso, o tratamento térmico brando aplicado também ajuda na digestibilidade e não afeta negativamente seu valor nutricional.

Em contrapartida, as fontes vegetais de proteína não fornecem todos os aminoácidos essenciais, o que pode causar problemas à saúde dos felinos por conta da deficiência.

É possível se fazer a combinação de diferentes fontes vegetais para chegar a um balanço ideal, portanto, é preciso ter um conhecimento aprofundado sobre os ingredientes a serem utilizados para não correr o risco de se formular alimentos que irão prejudicar o crescimento e as outras funções vitais dos animais.

Neste sentido, optar pelas fontes animais acaba sendo uma escolha mais segura.

A porção diária de proteína que deve ser consumida pelos gatos varia de acordo com o estado fisiológico do animal, a idade, o nível de atividade física, dentre outros fatores.

Porém, como regra geral, recomenda-se uma ingestão de 10g de proteína bruta por dia para gatos jovens, 12,5g para gatos adultos e 41g para gatas que estão amamentando.

As gorduras como fontes de ácidos graxos essenciais

Os ácidos graxos, em geral, estão envolvidos na integridade celular, uma vez que fazem parte das membranas, além de participarem da regulação metabólica.

Dentre os ácidos graxos insaturados, alguns poli-insaturados são caracterizados como essenciais à saúde dos felinos, como os ácidos graxos ômega-3 (alfa-linolênico, eicosapentaenoico – EPA, docosahexaenoico – DHA) e ômega-6 (ácido linoleico, gama-linoleico, aracdônico e linoleico conjugado).

O DHA, por exemplo, contribui para a saúde ocular, reprodutiva e para o sistema imune dos gatos. Como são essenciais, estes ácidos graxos não são sintetizados pelo organismo dos felinos, portanto, devem ser exclusivamente obtidos através da dieta.

Apesar de serem largamente encontrados em fontes vegetais, os ácidos graxos essenciais não são convertidos a seus derivados necessários pelo organismo dos felinos. Isto significa que é preferível que estes nutrientes sejam obtidos de matérias-primas animais. Os peixes, por exemplo, são ótimas fontes de EPA e DHA.

Como recomendação geral, o consumo diário de gorduras totais pelos felinos deve girar em torno de 4 g para gatos jovens, 5,5 g para gatos adultos e 12 g para gatas em estágio de amamentação.

Minerais: minoritários, mas não menos importantes

Os minerais estão envolvidos em quase todas as reações fisiológicas dos felinos.

Os mesmos atuam na formação de enzimas, balanço de pH, absorção de nutrientes, transporte de oxigênio, dentre outras funções.

Cada tipo de mineral terá uma participação diferente no metabolismo dos gatos.

Por exemplo, o cálcio participa da formação dos ossos e na transmissão de impulsos nervosos, enquanto o fósforo faz parte da estrutura do DNA e do RNA e é essencial para o balanço ácido-básico do organismo.

Diversas vitaminas para diferentes funções

As vitaminas participam da regulação metabólica e do crescimento normal dos animais.

Algumas delas também possuem outras funções, como prevenção da cegueira noturna (vitamina A) e antioxidantes (vitamina E).

As vitaminas hidrossolúveis incluem aquelas do complexo B e a vitamina C. Já as lipossolúveis incluem as vitaminas A, D, E e K.

Assim como os outros nutrientes, as vitaminas provenientes de fontes animais são melhor absorvidas pelo metabolismo dos felinos.

Os tipos de alimentação felina

Rações dry

As rações secas, ou dry food, são as mais comuns no mercado de alimentação para felinos.

As rações dry são vantajosas devido a seu preço mais econômico, portanto, acabam sendo mais procuradas pelos donos de gatos. Além disso, esta maior procura também se deve ao fator praticidade, uma vez que a “bagunça” promovida pelos animais acaba sendo menor pela própria natureza do alimento.

Além disso, como qualquer alimento seco, as rações dry possuem uma maior estabilidade, portanto, maior shelf-life. Isso faz com que os consumidores acabem comprando estas rações em grandes porções para garantir o armazenamento por um longo período.

Por outro lado, este tipo de ração costuma apresentar um alto teor de carboidratos na forma de grãos (até 70% em alguns casos) que, apesar de serem sensorialmente bem aceitos pelos gatos, não são necessários na dieta dos mesmos.

Como regra geral, ao se desenvolver uma ração dry para felinos, é importante sempre buscar uma alta quantidade de proteínas (de preferência de origem animal) e um baixo teor de carboidratos (abaixo de 30%).

Wet food

Os alimentos úmidos, ou wet food, são geralmente enlatados. Os mesmos possuem um elevado teor de proteínas provenientes da carne, garantindo um aporte suficiente para a manutenção da saúde dos felinos.

Além disso, a umidade contribui para uma textura mais suave e mastigável, ou seja, os enlatados possuem melhor palatabilidade que as rações secas. Isto contribui para uma melhor aceitação do alimento por parte dos animais, que se sentem mais estimulados a se alimentarem.

Ao contrário das rações secas, porém, os enlatados acabam pecando na praticidade, uma vez que possuem menor shelf-life e maior preço.

Raw food

O consumo de carne crua pelos gatos pode ser encarado como uma volta às origens. Devido a isso, dos três tipos mais comuns de alimentação felina, este acaba sendo o mais palatável.

Além disso, o organismo felino digere a carne crua melhor do que qualquer outro tipo de alimento, uma vez que o sistema digestivo destes animais está preparado para tal.

Além de possuir todos os nutrientes necessários ao desenvolvimento dos gatos, a carne crua ainda oferece um alto teor de água, ajudando na hidratação felina.

Como desvantagem, podemos citar o alto custo deste tipo de alimentação, a falta de praticidade e o fato de que, por serem acostumados aos outros tipos de cat food, os animais podem não se adaptar instantaneamente à carne crua.

Conclusão

As opções de alimentação felina são variadas e cada uma delas apresenta seus pontos positivos e negativos.

Independente da forma física do alimento, é importante que os animais tenham uma ingestão satisfatória de todos os nutrientes que precisam para um crescimento e desenvolvimento saudáveis.

Os formuladores de cat food precisam ter em mente o conhecimento aqui apresentado para que sejam capazes de desenvolver produtos que, além de nutritivos, também sejam agradáveis ao paladar dos felinos.