Data: 24/08/2020

Garantir uma alimentação de qualidade para os animais domésticos é uma preocupação cada vez mais importante tanto para os donos dos pet quanto para os produtores.

Entre 2013 e 2018, houve um aumento de quase 7 milhões de animais domésticos no Brasil, segundo o IBGE e o Instituto Pet Brasil. Este relatório também revelou a preferência das famílias pelos cães, são mais de 54 milhões em todas as regiões do país. Porém, a quantidade de gatos foi a que mais cresceu no período pesquisado, eram mais de 23 milhões de bichanos em 2018.

O expressivo crescimento da população de animais domésticos no Brasil sustenta o crescimento do mercado de produtos PET que, só em 2018, movimentou mais de R$34 bilhões. Foram mais de R$15 bilhões gastos somente com alimentação!

É evidente a oportunidade para os produtores de alimentos para animais domésticos conquistarem uma fatia desse mercado. Mas tão importante quanto vender é oferecer produtos que garantam uma alimentação de qualidade para os cães e gatos de estimação de consumidores dispostos a provar seu amor gastando cada vez mais com os animais.

Para desenvolver e entregar rações adequadas para a saúde e bem-estar dos PETs todo cuidado é pouco. É preciso que os produtores conheçam as necessidades nutricionais de cada espécie e escolham os melhores ingredientes para que seus produtos sejam uma opção de dieta equilibrada para os animais, visto que há diversas opções de composição como carne bovina, frango, suíno, peixe, cereais, vegetais, vitaminas e minerais.

A seguir, você lerá mais sobre a nutrição de cães e gatos e como suas demandas por nutrientes devem ser consideradas para a correta formulação de rações.

Necessidades nutricionais de cães


Como todos os animais domésticos, os cachorros necessitam de uma alimentação equilibrada para terem uma vida mais saudável.

A seguir, relacionamos os componentes essenciais da dieta destes animais domésticos.

Proteínas: têm a função de constituição dos tecidos musculares, transporte de substâncias e comunicação entre órgãos, além de fortalecer o sistema imunológico. Podem ser de origem vegetal ou animal, esta de alto valor biológico.

Enquanto são filhotes, os cães precisam crescer. Em seus últimos anos, quando tendem a perder massa muscular, precisam compensar esta perda. Por isso, nestas fases, a alimentação precisa ser rica em proteínas para dar conta destas necessidades do animal.

Ainda segundo o guia “Your dog’s nutritional needs” elaborado pela National Research Council (NRC), filhotes com até 5kg devem consumir cerca de 56g de proteínas todos os dias.

Para cães adultos, com uma massa corporal de cerca de 15kg, a recomendação é que eles consumam 25g de proteínas.

Já para os cães idosos, a NRC indica formulação com maior teor protéico, em torno de 75g de proteína a cada 1000 kcal.

Gorduras: responsáveis por manter a pele e o pêlo saudáveis, ajudar no desenvolvimento do cérebro e da visão, além de desempenharem um papel importante na função estrutural das células.

Filhotes alimentados com dietas de baixo teor de gordura desenvolvem pêlos e pele secos, grossos e são mais vulneráveis ​​a infecções.

O guia da NRC revela ainda que cães com uma massa corporal de até 15kg devem consumir 14g de gorduras diariamente.

Para cães idosos, cujos metabolismos são menos eficientes, dietas menos calóricas e com menor teor de gordura são fundamentais para prevenir a obesidade, um problema recorrente nesta faixa etária do animal.

Óleos provenientes de fontes animais, como óleos de aves e gordura de suíno — que utilizam matéria-prima fresca — são ótimas fontes de lipídios para a formulações caninas. Por serem de origem animal, possuem alta digestibilidade e palatabilidade, além de garantirem os ácidos graxos essenciais ao desenvolvimento do pet.

Carboidratos: são a principal fonte de energia na alimentação dos cães. Esta regra vale para todas as etapas de desenvolvimento do animal.

Em termos de energia, o guia da NRC diz que filhotes com massa corporal de até 5kg precisam de 990 kcal/dia. Os cães adultos ativos com uma massa corporal de aproximadamente 20kg necessitam de 1353 kcal/dia e cães idosos e ativos com uma massa corporal de 20 kg necessitam de 1093 kcal/dia.

Fibras: garantem um bom funcionamento do intestino. Em casos especiais, fibras em abundância devem fazer parte da dieta, como é o caso de cães com problema de constipação.

De maneira geral, a NRC relata que uma dieta diária de um cão adulto pode conter até 50% de carboidratos da massa total dos alimentos, incluindo 2,5 a 4,5% de fibras. Um mínimo de aproximadamente 5,5% da dieta deve provir de gorduras e 10% de proteínas.

Vitaminas: estão relacionadas à saúde visão, pele, atividade antioxidante, fatores de coagulação, dentre outras.

De acordo com o guia, algumas vitaminas são necessárias na alimentação dos cães, como as vitaminas A (379 µg), D (3,4 µg), E (8 mg) e tiamina (0,56 mg).

A vitamina A está diretamente relacionada à prevenção de doenças na visão e doenças respiratórias e maior suscetibilidade a infecções.

Cães alimentados com dietas carentes de vitamina E mostram sinais de ruptura do músculo esquelético, falha reprodutiva e retina degeneração.

A deficiência de tiamina pode levar ao cérebro lesões e outras anormalidades neurológicas.

Além disso, a vitamina K é responsável pela coagulação sanguínea, e as vitaminas do complexo B participam da ativação de íons e síntese do tecido neural.

Minerais: participam de reações metabólicas, impulsos nervosos, contração muscular e promovem saúde dos ossos e dentes.

Segundo a NRC, a recomendação de cálcio (1,0 g) e fósforo (0,75 g) são cruciais para ossos e dentes fortes. O guia descreve que os cães precisam de magnésio (150 mg), potássio (1,0 g) e sódio (200 mg) para transmissão dos impulsos nervosos, contração muscular e sinalização celular.

Além disso, a NRC apresenta que muitos minerais que são presentes apenas em pequenas quantidades no corpo, incluindo selênio (90 µg) e cobre (1,5 mg), atuam como auxiliares grande variedade de reações enzimáticas.

Uma deficiência de cálcio na dieta pode resultar em grande perda óssea, esquelética anormalidades e fraturas patológicas. O excesso do mineral, por outro lado, também pode causar anomalias esqueléticas, especialmente em filhotes de grande porte.

Gatos


Os gatos são animais carnívoros, portanto, a maior parte dos nutrientes que eles necessitam são de origem animal. A seguir, destacamos a composição ideal da dieta para os felinos domésticos.


Proteínas: fornecem os aminoácidos essenciais para diversas funções vitais, como síntese de anticorpos, enzimas (que regulam inúmeras funções metabólicas), hormônios, tecidos, além de contribuírem com uma fonte de energia e promoverem um balanço de pH apropriado ao organismo destes animais.
As matérias-primas proteicas de origem animal são mais digeríveis para os gatos, como as carnes de aves, bovina, suína, peixes e ovos.

Estas fontes, possuem proteínas completas, de alta qualidade, capazes de fornecer todos os aminoácidos essenciais. A taurina, por exemplo, é um aminoácido essencial para os gatos, a necessidade diária mínima é entre 35 e 56 mg para um gato adulto. Este aminoácido ajuda prevenir doenças oculares e cardíacas.

Segundo o guia “Your Cat’s Nutritional Needs” elaborado pela National Research Council (NRC) é recomendado 10g de proteínas/dia para gatos filhotes de aproximadamente 800g de massa corporal. Para gatos adultos com massa corporal em torno de 4kg é recomendado 12,5 g/dia de proteínas.

Gordura: está envolvida na integridade celular, uma vez que é uma parte essencial das membranas plasmáticas. Além de participarem da regulação metabólica, trazem brilho à pelagem do animal.

Ademais, as gorduras alimentares melhoram o sabor e textura dos alimentos, tornando-os mais palatáveis e atrativos.

Dentre os ácidos graxos insaturados, alguns poli-insaturados são caracterizados como essenciais à saúde dos felinos, como os da família ômega-3.

De acordo com o guia é recomendado 4 g/dia de gorduras totais na alimentação de gatos filhotes de massa corporal em torno de 800 g. Para os gatos adultos com massa corporal de aproximadamente 4 kg é indicado 5,5 g/dia de gorduras totais.

Carboidratos: não existe requisito dietético mínimo para os gatos.

Aparentemente, eles não são essenciais na dieta. Quando há um teor adequado de proteínas e gorduras na sua alimentação, elas fornecem aminoácidos glicogênicos e glicerol para o animal obter a energia necessária.

Essa é uma das razões pelas quais os gatos são classificados como verdadeiros carnívoros.

Minerais: estão envolvidos em quase todas as reações fisiológicas dos felinos.

Atuam na formação de enzimas, balanço de pH, absorção de nutrientes, transporte de oxigênio, dentre outras funções.

Vitaminas: participam da regulação metabólica e do crescimento normal dos animais.

Algumas delas também possuem outras funções, como prevenção da cegueira noturna (vitamina A) e antioxidantes (vitamina E).

A recomendação diária do guia da NRC, inclui principalmente as vitaminas A (63 µg), D (0,4 µg), E (2,5 mg), K (82 µg), B1 (0,33 mg), riboflavina (0,27 mg), B6 (0,16 mg), B12 (1,4 µg), entre outras.

Farinhas animais para enriquecer a alimentação pet


Como vimos anteriormente, uma parte importante da alimentação de cães e gatos é de origem animal, daí a importância de escolher bem a matéria-rima para produzir rações de qualidade. Isto é, industrializadas a partir dos ingredientes que, de fato, atendam às necessidades específicas de nutrientes para suprir os diferentes estados fisiológicos dos pets.

Um aspecto importante para tomada de decisão sobre os ingredientes, é identificar a natureza dos insumos utilizados e suas relativas digestibilidade e biodisponibilidade.

Do mesmo modo, é preciso atentar à contaminação por microorganismos, como Salmonella ssp e metabólitos produzidos por fungos como as micotoxinas, altamente prejudiciais para saúde dos animais .

Deve-se considerar ainda, a variabilidade na composição e a qualidade nutricional, relacionadas com a origem das matérias-primas, o conteúdo de cinzas, fatores antinutricionais, entre outros.

Por tudo isso, matérias-primas de origem animal são as mais indicadas para enriquecer a formulação de rações, devido ao seu alto teor de proteínas digeríveis, presença balanceada de aminoácidos essenciais e a ausência de fatores antinutricionais.

A seguir, vamos apresentar algumas destas matérias-primas, farinhas animais que recomendadas para compor rações para cães e gatos de alta qualidade.

Farinha de vísceras de aves


Farinhas de vísceras de aves são produzidas através da cocção, prensagem e moagem de vísceras de aves, miúdos, cartilagens e retalhos de carne.

Segundo estudo de Greg Aldrich, publicado na Petfood Industry, as farinhas de vísceras de frango e a produzida apenas da carne do frango possuem o mesmo valor nutricional para cães e gatos.

Em outra pesquisa, publicada na Engormix, Dr. Greg descobriu que as farinhas de carne e vísceras de frango são altamente digeríveis por cães e gatos, contém os aminoácidos essenciais necessários e não possuem fatores antinutricionais.

A mesma análise concluiu que as farinhas, principalmente para gatos, devem conter menos de 14% e 11,5% de cinzas, para as de carne e de vísceras de frango respectivamente. Também alertou que elas são suscetíveis a oxidação. Por isso, é importante ficar atento aos índices de peróxido e acidez na hora de compor a ração.

Mais que nutrir os pets, Greg Aldrich afirma que a gordura das aves é bem aceita pelos pets já que o seu sabor é preferível às várias outras fontes de gordura.

Desenvolvida de olho em todos estes aspectos a farinha de Vísceras de Aves (Low Ash) é, portanto, uma ótima alternativa para compor rações para cães e gatos. Afinal, além da alta palatabilidade e digestibilidade, contém um menor teor de cinzas e um maior teor de proteína bruta (73%), essencial para o crescimento dos pets.

Farinha de torresmo 


Uma outra farinha animal que desponta como uma alternativa para aplicação na alimentação de cães é a farinha de torresmo.

Esse ingrediente é produzido por meio da cocção, prensagem e moagem de pele e máscara suína in natura e de torresmo.

A farinha de torresmo é produzida com matérias-primas frescas e de alta qualidade, que não são consideradas subprodutos do abate de suínos. Também é uma fonte rica em proteínas, no mínimo 80%, e aminoácidos essenciais.

Vale ressaltar, que esta farinha possui uma alta palatabilidade e digestibilidade, com uma ótima consistência, baixa matéria mineral e é naturalmente agradável e atrativa para o paladar dos animais.

Assim, a farinha de torresmo também é uma boa alternativa na composição de rações para cães e gatos.

Farinha de pena


A farinha de pena é outro ingrediente que pode ser utilizado na industrialização de rações para cães e gatos. Uma grande vantagem deste ingrediente é o alta concentração de proteínas, no mínimo de 80%.

Justamente por isso, ela é utilizada em rações para pet, aumentando o conteúdo proteico. A farinha é desenvolvida de modo que não apresente fatores antinutricionais, diminuindo as chances de uma reação alérgica no animal, o que é atestado por artigo de Anton Beynen, publicado na All About Feed. Beynen revelou que alimentos secos com 14% de farinha de pena na sua composição são bem aceitos por cães.

Para aproveitar todas as qualidades nutricionais da farinha de pena na fabricação de rações é importante ainda lembrar sobre a importância de escolher fornecedores confiáveis que mantém processos de qualidade, utilizando penas limpas e frescas obtidas na cadeia produtiva do abate de aves e com baixo teor de minerais.

Farinha de pena e sangue


A farinha de pena e sangue também pode ser usada em rações para cães e gatos, pois além de apresentar todas as vantagens da farinha de pena, o sangue melhora a palatabilidade, aumenta o balanço de aminoácidos e, segundo estudo publicado na Revista Brasileira de Zootecnia faz com que cheguem à saciedade mais rápido.

O sangue também enriquece a formulação das rações dos pets, pois proteínas como plasma e hemoglobina são muito importantes para melhorar as funções reguladores do metabolismo, como absorção, transporte e síntese de nutrientes.

A farinha de pena e sangue é uma alternativa interessante nutricionalmente e, como as outras, deve ser adquirida de um fornecedor confiável para não comprometer a saúde e a qualidade de vida dos pets.

Conclusão


Que a saúde e o bem-estar dos cães e gatos está em primeiro lugar na hora de o consumidor escolher a ração ninguém duvida. Portanto, o fabricante não pode exitar na hora de escolher os ingredientes mais nutritivos para produzir rações que atenderão, de verdade, as necessidades dos animais.

Para isso, conhecer cada uma dessas farinhas e descobrir fornecedores confiáveis é um passo muito importante para o desenvolvimento de rações adequadas. Já que é só através da escolha de insumos de qualidade que o produtor terá garantias de entregar rações que contenham nutrientes de alta digestibilidade e palatabilidade, que garantem o crescimento,desenvolvimento saudável e qualidade de vida para os animais.